Tranquilo em ruas tranquilas

No meu roteiro diário tento pegar o máximo de ruas tranquilas em que eu não fique tenso por causa do motorista impaciente. Aprendi com vários amigos ciclistas a fazer esses roteiros alternativos que dão uma sensação bem mais agradável a pedalada! Para pedalar com blazer tiro a mochila e prendo na bicicleta. Uma camisa bem fina de algodão completa o look descolado e tranquilo como gosto!

Na foto eu estava indo para o Café Pedal & Prosa. Um dos meus points em BH. O amigo Eduardo Garcia fez os cliques.

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Deboas pedalar no calor 

Muita gente acha que o Brasil não tem clima para pedalar porque é quente. Se perguntarem a maioria dos ciclistas  europeus eles certamente dirão que preferem pedalar no verão ou na primavera. Isso porque o calor resolvemos com roupas mais frescas e pedaladas em horas e roteiros de sombra.

 Acho que na verdade as pessoas estão tão acostumadas a ambientes climatizados artificialmente que sentem mais calor até subindo 3 degraus. Tudo é costume e adaptação mas certamente prefiro o calor para pedalar do que os 10 graus negativos de NY em dezembro. A bicicleta é simples e básica e gosto de seguir o mesmo estilo as vezes. 

Ótima semana. 

     

 

De volta 

Uns dias off do blog por causa da montagem da minha primeira exposição fotográfica. Para quem quiser saber mais leiam aqui

Tenho mil coisa para atualizar e a vida online não dá conta de acompanhar. Mas enfim… Estou de volta. No look suspensórios de couro que eu mesmo fiz usando cintos. É sexta-feira. Graças a Deus. Rs. 

   
 

SE VESTIR BEM É IMPORTANTE?

No dia-a-dia  somos lotados de compromissos sociais mas o ato de se vestir é encarado por muitos como um martírio sem fim. Ainda que se preocupem observar o dress code “certo” para ir a eventos como casamentos, formaturas, trabalho e até partidas de futebol (a escolha da camisa do time é algo racional também afinal você não pega a camisa do time rival não é?).

Sobre a resposta a pergunta deste post compartilho um texto que lí há alguns meses e que na minha opinião trata da questão com maestria e brilhantismo:

Se vestir bem é importante?
Antes precisamos entender o que é “se vestir bem” para não respondermos a pergunta acima apressadamente

Bruno Passos

De tempos em tempos surge algum texto para levantar esta questão. Alguns mais empolgados, outros mais indignados, mas todos com um discurso alinhado:

“ Hoje em dia, não há nada mais fundamental e atual do que estar bem consigo mesmo, usar o que gosta e se se sentir confortável com suas peças. É claro que, em ocasiões mais formais, se vestir bem é crucial, além de também pegar muito bem naquele jantar romântico com a(o) namorada(o). Mas o fato é que você é mais importante que as roupas que veste, é sua personalidade que realmente interessa.”
Alguém discorda do que foi dito?

Pois deveria.

Como assim?

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Este é mais um caso em que um argumento mal colocado pode nos induzir a um erro conhecido como Retórica Comparativa de Fatores Não Equivalentes, algo muito comum em quase todos os debates de internet. Vamos ver como isso funciona abaixo, em nosso momento Telecurso 2000:

1. Começa-se falando sobre o tema geral, e não sobre assunto específico da conversa. Moda (não vestuário), Futebol (não histórico tático), Corrupção (não a competência de cada cargo político).

2. Aplica-se o primeiro argumento em cima do tema genérico, normalmente utilizando o caráter cronológico por dois motivos:

A. a passagem do tempo sempre garantirá a mutabilidade de todas as coisas. Falar que o tempo passou e as coisas mudaram é um acerto garantido (embora seja sempre uma redundância).

B. estar desatualizado é sinônimo de equívoco (embora este fato não seja uma verdade pétrea) e, ao reforçamos o contexto temporal, produzimos o mesmo efeito que uma pergunta retórica causaria – a concordância prévia do leitor.

3. Abre-se a falsa exceção, em que uma situação específica ( “estar confortável” ou “ir a um jantar romântico”) é equiparada ao motivo da discussão (“se vestir bem”), dando a entender que o autor não é radical e que encara o assunto com maleabilidade, sugerindo que sua observação é ponderada e imparcial. Mas, note, não estamos analisando se ir a um jantar bem vestido é positivo, mas sim se estar bem vestido é positivo.

São análises totalmente diferentes. O mesmo serve para o conforto.

4. A conclusão final é obtida por meio da colocação antagônica da estrutura do tema (“você é mais importante que as roupas que você veste”) mediante a uma de suas subtramas, como se fosse possível a comparação entre elas.

Hora de colocar o método a prova com um exemplo. Vamos a prancheta do PVC da Moda:

O assunto:

Será que vale a pena eu mudar a cor da minha sala de estar?

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Ai, lá vem ele
A resposta:

Hoje em dia, não há nada mais atual e fundamental do que estar atento à construção de sua casa. Checar materiais e priorizar sempre a qualidade. É claro que, em vários cômodos, é importante destacarmos o papel da pintura. Uma casa bonita pode deixar seu morador mais feliz, mas o fato é, a estrutura é a parte mais importante da casa.

Conclusão:

Agora que já decupamos a estrutura, é possível perceber como muitas de nossas discussões na internet (e na vida real) são impossíveis de serem concluídas mesmo que os dois lados tenham informações e argumentos verdadeiros.

Mais do que checar os fatos e os raciocínios, é necessário observar se o que é apresentado pelas partes visa ou não elucidar o questionamento. Caso contrário, corre-se o risco de estar apenas gastando energia à toa, independente da relevância do assunto e da veracidade dos fatos expostos.

Analisar a questão é tão importante quanto analisar quais são os argumentos.

Finalmente, voltemos a questão primária. Se vestir bem é importante?

Antes de seguirmos adiante, é necessário exercer a reflexão sobre o que está sendo perguntado. Afinal, o que é se vestir bem?

Ainda tá confuso, é?

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Veja quão manjador dos paranauê você é escolhendo a alternativa correta:

A) ( ) “- Ah, Dom, é mandar aquela beca estilo na hora do role”;

B) ( ) “- É não sair com roupas cafonas ou que não sirvam bem”;

C) ( ) “- É estar atemporal e alinhado, independente de onde se encontre”;

D) ( ) “- É colocar uma roupa confortável que seja adequada a situação que você se encontra”.

E a resposta correta é: nenhuma das alternativas.

Isso quer dizer que as afirmações estão erradas? De maneira alguma. Apenas quer dizer que nenhuma delas é a resposta a esta pergunta, pois todas se tratam de “como se vestir bem” e não de “o que é se vestir bem”.

Seguindo para a resolução da dúvida, “se vestir bem” é a junção entre conseguir comunicar exatamente o que se deseja em um determinado meio social e passar a este meio a mensagem de que você tem as características que eles admiram em uma pessoa.

Agora que temos o total entendimento sobre o tema, não tenho dúvida que todos podem responder a esta pergunta com relativa facilidade:

Se vestir bem é importante?

Antes de começarem a me xingar pelo final de texto estilo Inception, tenham paciência. Aprender sobre algo tem muito mais a ver com reflexão do que com informação. Não se aflija, no próximo texto a treta fica séria. Iremos para a parte prática de como traduzir os fatores almejados socialmente em características visuais.

Fonte. http://www.papodehomem.com.br/

Como não tenho nenhuma dúvida a respeito dessa questão… fui.


    

Sexta Sofisticada  

Outro dia o  Marcos Gomes, um bem sucedido executivo em SP e também ciclista relatou que foi destratado pelo visual de “ciclista esportivo” quando chegou em sua bicicleta a um prédio comercial em que trabalhava. Leia aqui o caso dele.  

O caso do Marcos me lembrou quantas vezes fui maltratado pelo julgamento apressado de uma sociedade hipócrita em que nós vivemos. Segundo uma pesquisa que li outro dia em apenas 7 segundos uma pessoa faz uma leitura das outras apenas pelo visual e jeito. 

Hoje adoro observar a confusão das pessoas em tentar me enquadrar. 

Sexta sexy.    
     

Dia Black

Saí de casa de preto pois essa cor só uso em dias mais frios. Como foi ontem. Infelizmente acabou se tornando a cor do luto pois vi uma triste cena nessa terça em BH. Um homem foi atropelado e morto por um motorista que provávelmente invadiu o sinal. O fato está na reportagem do Jornal O Tempo

À noite tivemos um encontro (de ciclistas) durante a abertura da exposição: A Morte das Bicicletas, que retrata bicicletas abandonadas, destruídas aos poucos. A reflexão que quase todos fizeram é que estamos assim também. Pedestres e ciclistas completamente abandonados pela ditadura da velocidade, a inércia dos poderes públicos e o trabalho coordenado e massivo de vários setores da indústria que incentiva as pessoas a usarem excessivamente o carro nos centros urbanos. Práticamente toda urbanização da cidade é voltada para veículos.  Está na hora de uma grande manifestação. 

   
       

Firma pé 

A fixa é como um cavalo selvagem. É linda, corre mas a qualquer momento pode te jogar pra fora dela. Kkkk. Tudo bem. Não é tão assim. Eu só levei um tombo e foi por causa de um patinador e um bueiro armadilha na Pampulha. Todos os fixeiros me alertaram para usar o firma-pé pois ajuda no pedal e principalmente nas subidas.  O modelo que uso é semelhante a este; 

 O firma pé deixa os pés presos ao pedal fazendo o ciclista ter mais controle dos pedais já que na fixa não há como parar de pedalar.  

Por enquanto não senti grande diferença pois ainda estou tentando fazer algo aparentemente simples porém complicado para iniciantes; encaixar o pé enquanto pedalo. Rs. Continuarei treinando.  

   
   Na fixa assim como na maioria das bicicletas sem protetor de corrente é preciso levantar a barra da calça para não ficar presa entre a coroa e a corrente. É queda ou rasgo na calça na certa! Apesar da minha fixa ter um pequeno protetor na coroa eu não arrisco. Também não quero óleo de corrente na minha bainha né?   
 

Pedalar pelas montanhas de BH é fácil. 

Pedalar pelas montanhas é fácil. Difícil é ultrapassar a ignorância, insensibilidade e arrogância dos motoristas. A semana foi tensa. Duas garotas ameaçadas e com perda total nas bicicletas. Por pouco não tivemos duas tragédias em BH (um desses casos estão aqui) . Nessas horas eu penso o quanto é difícil lidar com motoristas que insistem em tratar ciclistas e pedestres como indignos de compartilhar um espaço. Essa arrogância brasileira já foi retratada no livro “Fé em Deus e pé na tábua: Ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil – Roberto DaMatta”. No livro o autor descreve como o carro potencializa um dos traços escravocratas da nossa sociedade em que pedestres e ciclistas são tratados como “inferiores”. 

Os ganhos por pedalar são inegáveis para quem começa. Além disso os ciclistas não são as principais vítimas dessa violência no trânsito. Em todos os lugares em que há mais bicicletas o trânsito é mais seguro para todos.  Por isso, nessa reconquista pelo espaço urbano;  não vamos retroceder. 

Nessa sexta fui assim à Casa do Jornalista e logo em seguida à Massa Crítica, que nessa edição pedalou pelo Barreiro, reivindicando metrô para a região. Deixei o blazer no trabalho e fui com uma camiseta por baixo. Levei a dobrável porque na volta fiz intermodal.